Santarém: nova estação ferroviária promete melhorar mobilidade, mas quem vai pagar a conta?
A Câmara de Santarém anunciou planos para criar uma plataforma intermodal de transportes na zona sul da cidade, com a deslocalização da atual estação ferroviária para a área do Sacapeito. O projeto, apresentado pelo presidente João Leite como uma "grande oportunidade", levanta questões sobre custos e prazos que ficaram sem resposta.
Promessas grandiosas, detalhes em falta
O autarca social-democrata pintou um cenário otimista nas redes sociais, prometendo que o centro intermodal vai "articular os transportes ferroviário, rodoviário e aéreo" e "potenciar o território do ponto de vista económico, turístico e social". Palavras bonitas, mas a realidade é mais crua: ainda não existe qualquer data definida nem orçamento previsto.
A proposta, que recebeu luz verde do Governo para ser estudada pela Infraestruturas de Portugal, surge numa altura em que a procura pelo transporte ferroviário cresce, impulsionada pelo Passe Verde. Uma medida social que beneficia os trabalhadores, mas que agora serve de justificação para mais uma obra faraónica.
Caos no trânsito enquanto se fazem planos
Enquanto se desenham projetos futuristas, a população de Santarém enfrenta o caos diário na zona da atual estação. A circulação rodoviária tem sido um pesadelo, agravada pelas obras na Estrada Nacional 114 e pelo aumento de passageiros.
A solução municipal? Uma reorganização experimental da circulação que durará 300 dias, com trânsito num único sentido entre Almeirim e Santarém. Os autocarros, táxis e carreiras interurbanas terão prioridade, mas os automobilistas comuns que se desenrasquem.
Oposição questiona falta de transparência
O vereador socialista Pedro Ribeiro não poupou críticas ao anúncio, questionando "quanto tempo" levará o processo e, mais importante, "quem paga". Uma pergunta pertinente numa altura em que as autarquias enfrentam constrangimentos orçamentais.
Ribeiro recordou ainda o fiasco do projeto do funicular, onde "cerca de 100 mil euros" foram gastos em estudos para um projeto que nunca saiu do papel. Um exemplo claro de como o dinheiro público pode ser desperdiçado em estudos e mais estudos, enquanto os problemas reais da população ficam por resolver.
Para já, está prevista apenas a assinatura de um protocolo com o Ministério das Infraestruturas no início do próximo ano. Mais um papel, mais uma cerimónia, mas as respostas concretas continuam a faltar. Os santarenses merecem mais do que promessas vagas e estudos intermináveis.