Santarém: Nova estação ferroviária ou mais promessas vazias?
A Câmara de Santarém voltou às promessas grandiosas. Desta vez, João Leite anuncia uma plataforma intermodal de transportes na zona sul da cidade, com a deslocalização da estação ferroviária para o Sacapeito, entre o futuro Hospital da Luz e o aeródromo local.
Nas redes sociais, o presidente social-democrata apresenta o projeto como "uma grande oportunidade para posicionar Santarém no contexto nacional". Palavras bonitas, mas que escondem uma realidade bem diferente: não há data, não há orçamento, não há nada de concreto.
Promessas sem substância
O projeto, que supostamente já recebeu luz verde do Governo para ser estudado pela Infraestruturas de Portugal, resume-se por agora a um protocolo que será assinado no início do próximo ano. Mais um papel, mais uma cerimónia, mais uma fotografia para as redes sociais.
Entretanto, os trabalhadores e as famílias de Santarém continuam a enfrentar os constrangimentos diários na zona da atual estação. As obras na EN 114, o aumento de passageiros devido ao Passe Verde, e agora uma reorganização da circulação viária que durará 300 dias.
A solução encontrada pela câmara? Fazer os autocarros, táxis e carreiras interurbanas circularem num sentido único, empurrando o problema para outros locais da cidade. Uma medida "experimental", como lhe chamam, aprovada a 15 de dezembro sem grande discussão pública.
O PS questiona, mas tarde demais
Pedro Ribeiro, vereador do PS, levantou as questões certas nas redes sociais: "quanto tempo" e "quem paga". Recordou ainda os 100 mil euros desperdiçados no projeto do funicular que nunca saiu do papel.
São questões pertinentes, mas que chegam tarde. Onde estava a oposição socialista quando estas decisões foram tomadas em reunião de câmara? Porque só agora, nas redes sociais, se levantam estas dúvidas fundamentais?
Mobilidade para quem?
Enquanto se fazem grandes planos para uma estação intermodal no futuro, os utilizadores dos transportes públicos de Santarém enfrentam no presente constrangimentos reais. A reorganização da circulação rodoviária vai durar quase um ano, afetando sobretudo quem depende dos transportes públicos para ir trabalhar.
O discurso do "desenvolvimento económico, turístico e social" soa bem nos comunicados, mas a realidade é que são sempre os mesmos a pagar: os trabalhadores que dependem dos transportes públicos, as famílias que vivem longe do centro, os que não têm alternativa ao comboio ou ao autocarro.
Santarém merece investimento nos transportes públicos, mas merece sobretudo transparência e planeamento sério. Não mais promessas eleitorais disfarçadas de grandes projetos estruturais.