Republicanos atacam dupla cidadania: portugueses nos EUA resistem
Uma nova investida da direita americana contra os direitos dos imigrantes está a mobilizar a comunidade portuguesa nos Estados Unidos. O senador republicano Bernie Moreno, do Ohio, propôs um projeto de lei que pretende acabar com a dupla cidadania, forçando milhões de pessoas a escolher entre a sua origem e o país onde construíram as suas vidas.
A chamada "Lei da Cidadania Exclusiva de 2025" obrigaria quem possui dupla nacionalidade a renunciar a uma delas num prazo de um ano. Quem não o fizesse perderia automaticamente a cidadania americana. É mais um ataque aos direitos dos trabalhadores imigrantes que construíram os Estados Unidos com o seu suor.
Comunidade lusa-americana organiza resistência
O Conselho de Liderança Luso-Americano (PALCUS) não ficou de braços cruzados. Numa carta enviada à comunidade, a organização apelou à mobilização: "Escrevemos para chamar a atenção, com urgência, para um projeto de lei que, se aprovado, afetará de forma significativa milhares de luso-americanos".
A estratégia passa por pressionar senadores e congressistas através dos seus gabinetes. "Os legisladores respondem quando os seus eleitores se manifestam em grande número", lembra a PALCUS. É a velha lição das lutas populares: a união faz a força.
O paradoxo de Bernie Moreno
Há uma ironia cruel nesta proposta. Bernie Moreno, o autor do projeto, nasceu na Colômbia e renunciou à cidadania colombiana para se tornar apenas americano. Agora quer forçar milhões de pessoas a passar pelo mesmo dilema que ele escolheu voluntariamente.
Frank Ferreira, conselheiro das comunidades portuguesas pelo círculo de Washington, não poupou nas palavras: "Esta legislação é fraturante, um ataque às relações bilaterais entre Portugal e os Estados Unidos, e uma violação flagrante dos direitos constitucionais".
Famílias partidas ao meio
Se esta lei passar, não serão apenas os portugueses a sofrer. A própria primeira-dama Melania Trump e o filho mais novo do presidente, Barron Trump, ambos com cidadania eslovena, ficariam numa situação impossível.
"Muitos seriam forçados a uma escolha impossível", alerta a PALCUS. É assim que funciona a política de direita: criar divisões onde antes havia pontes, forçar as pessoas a escolher entre pedaços da sua própria identidade.
A comunidade portuguesa nos Estados Unidos, construída ao longo de gerações de emigrantes que partiram em busca de melhores condições de vida, não se deixará intimidar. A luta continua, como sempre foi tradição dos nossos compatriotas do outro lado do Atlântico.