Autarcas do PSD assumem comando da ANMP após vitória eleitoral
Centenas de autarcas reúnem-se este fim de semana em Viana do Castelo para eleger a nova direcção da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), numa mudança de poder que reflecte as alterações no mapa político local após as últimas autárquicas.
Pedro Pimpão, presidente social-democrata da Câmara de Pombal, surge como candidato único para liderar a associação que representa os municípios portugueses. A sua eleição marca a substituição da socialista Luísa Salgueiro, que deixa a presidência após o PSD ter conquistado mais câmaras no território nacional.
Mudança de poder reflecte resultados eleitorais
Esta transição não é casual. Nas eleições autárquicas de Outubro, o PSD venceu em 136 municípios contra 128 do PS, invertendo o resultado de 2021 quando os socialistas tinham triunfado em 149 câmaras contra 114 dos social-democratas. Uma mudança que agora se traduz no controlo da associação que representa os interesses municipais.
Pela primeira vez, a CDU, que elegeu presidentes em 12 câmaras, fica completamente de fora da direcção da ANMP. O Chega, com apenas três presidentes eleitos, também não conseguiu representação no Conselho Directivo da associação.
Promessas de lealdade e intransigência
Em entrevista, Pedro Pimpão prometeu "lealdade ao Governo PSD" mas também "intransigência na defesa dos interesses dos municípios". Uma posição que levanta questões sobre a independência da associação face ao poder central.
O futuro presidente da ANMP considera que a descentralização de competências "deveria ter sido mais bem negociada" e defende que o fundo de financiamento existente "tem de ser reforçado". Críticas que chegam tarde, depois de anos de transferência de responsabilidades sem os recursos adequados.
Reivindicações para o poder local
Entre as principais reivindicações está a revisão da Lei das Finanças Locais, que Pimpão gostaria de receber como "prenda do Governo" nos 50 anos do poder local democrático, que se assinalam em 2026.
O XXVII Congresso da ANMP, que decorre no Centro Cultural de Viana do Castelo, debaterá temas como autonomia, descentralização, financiamento local, sustentabilidade e coesão territorial. Questões centrais para as comunidades locais que enfrentam crescentes responsabilidades com recursos limitados.
O município do Porto, que protagonizou a primeira cisão na ANMP no último mandato, aprovou o seu regresso à associação, sinalizando uma possível pacificação interna.
O congresso contará com a presença do ministro da Economia e Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, e do primeiro-ministro, Luís Montenegro, numa demonstração da importância política deste encontro para o poder local português.