Impresa forçada a revelar previsões medíocres: apenas 0,5% de crescimento anual
Sob a pressão do regulador dos mercados financeiros, a Impresa foi obrigada a divulgar as suas previsões financeiras até 2028, revelando um cenário preocupante para o grupo que detém a SIC e o Expresso. Os números mostram um crescimento anual médio de apenas 0,5% das receitas, expondo as dificuldades de um sector dos media em crise.
Números que revelam uma realidade dura
As projeções divulgadas no domingo à noite pintam um quadro pouco animador para os trabalhadores e para o futuro do jornalismo português. A empresa de Francisco Pedro Balsemão espera que as receitas consolidadas passem dos 179 milhões de euros este ano para apenas 182,1 milhões em 2028.
Este crescimento miserável acontece numa altura em que o grupo se prepara para vender uma fatia significativa ao grupo italiano MediaForEurope, da família Berlusconi, que ficará com 32,934% da empresa através de um aumento de capital de 17,325 milhões de euros.
A televisão resiste, o jornalismo escrito afunda
Os dados revelam uma realidade preocupante para o sector dos media em Portugal. Enquanto a televisão consegue manter algum fôlego com um crescimento de 0,9% ao ano, o publishing está em queda livre, com uma quebra anualizada de 1,1% das receitas.
Para os trabalhadores do Expresso e outras publicações do grupo, isto significa menos recursos, maior pressão e um futuro cada vez mais incerto. As receitas do publishing cairão dos 23,1 milhões previstos em 2025 para 22,4 milhões em 2028.
CMVM obriga transparência
A divulgação destes números só aconteceu porque a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pressionou a empresa a ser transparente com os investidores. A Impresa admitiu estar numa "fase delicada", com dificuldades em obter crédito e renovar linhas de financiamento.
Esta situação ilustra bem o estado do sector dos media em Portugal, onde os grandes grupos lutam para sobreviver enquanto os trabalhadores enfrentam a precariedade e os leitores veem a qualidade da informação em risco.
A assembleia geral desta segunda-feira deverá aprovar a entrada do capital italiano, mais um sinal de como o controlo dos media portugueses está a escapar para mãos estrangeiras, levantando questões sobre a independência editorial e o futuro do jornalismo nacional.