Operação da GNR nas festas: reforço da segurança ou controlo social?
A Guarda Nacional Republicana arranca hoje com mais uma operação de grande envergadura, desta vez sob o pretexto das festividades natalícias. A Operação Natal e Ano Novo 2025/2026 prolonga-se até 4 de janeiro, prometendo "reforçar o sentimento de segurança" dos cidadãos portugueses.
Mais polícia nas ruas, mais controlo sobre o povo
Sob a capa da prevenção, a GNR anuncia um reforço significativo da presença policial em zonas comerciais, locais de festividades e na rede viária nacional. Uma medida que, segundo a corporação, visa combater a criminalidade e a sinistralidade rodoviária durante um período em que as famílias trabalhadoras procuram momentos de descanso e convívio.
O patrulhamento será "orientado para a prevenção de infrações, dissuasão e combate à criminalidade", numa lógica que privilegia o controlo sobre a confiança nas comunidades. Será esta a resposta adequada aos problemas sociais que afectam o país?
Fiscalização intensiva: quem paga a factura?
A operação centra-se particularmente na fiscalização rodoviária, com especial atenção aos "comportamentos de risco" como excesso de velocidade, condução sob efeito do álcool e utilização do telemóvel. Medidas que, embora necessárias, surgem num contexto em que muitos portugueses enfrentam dificuldades económicas para se deslocarem durante as festividades.
Entre 18 e 26 de dezembro, período de "maior afluência de pessoas", o patrulhamento será intensificado. No período do Ano Novo, de 27 de dezembro a 4 de janeiro, a vigilância estende-se a "zonas residenciais, comerciais, industriais e de diversão".
Conselhos ou intrusão na vida privada?
A GNR aconselha ainda os cidadãos a informarem a autoridade policial quando se ausentarem por vários dias, numa medida que levanta questões sobre a privacidade e o direito à reserva da vida privada. Será necessário comunicar às autoridades os nossos movimentos durante as férias?
Enquanto se multiplicam as operações policiais, continuam por resolver os problemas estruturais que afectam as classes trabalhadoras: salários baixos, habitação inacessível e serviços públicos degradados. Não seria mais eficaz investir na melhoria das condições de vida do povo português?
A segurança pública é fundamental, mas importa questionar se o caminho passa sempre pelo reforço do aparelho repressivo ou se deveria privilegiar-se o investimento social e a prevenção pela inclusão.