PSD assume controlo da associação de municípios após vitória eleitoral
Centenas de autarcas reúnem-se este fim de semana em Viana do Castelo para eleger a nova direção da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), numa mudança que espelha o novo equilíbrio de forças saído das últimas eleições autárquicas.
Pedro Pimpão, presidente social-democrata de Pombal, surge como candidato único para substituir a socialista Luísa Salgueiro na liderança da associação. A transição simboliza a vitória do PSD nas autárquicas, onde conquistou 136 municípios contra os 128 do PS.
Mudança de poder reflete resultados eleitorais
A saída de Luísa Salgueiro, que liderava a ANMP desde 2021, não é casual. Resulta diretamente da nova correlação de forças após as eleições de outubro, onde o PSD recuperou terreno perdido face ao PS.
Mas há novidades preocupantes nesta recomposição: pela primeira vez, a CDU fica completamente de fora da direção da ANMP, apesar de ter conquistado 12 câmaras. Uma exclusão que levanta questões sobre a representatividade democrática da associação.
O Chega, com apenas três presidências de câmara, também não terá assento no Conselho Diretivo, resultado que demonstra as dificuldades do partido de extrema-direita em conquistar o poder local.
Promessas de lealdade ao Governo PSD
Em declarações à Lusa, Pedro Pimpão não escondeu a sua proximidade política ao executivo de Luís Montenegro, prometendo "lealdade ao Governo PSD". Uma posição que suscita interrogações sobre a independência da associação face ao poder central.
O futuro presidente da ANMP defende, no entanto, que será "intransigente na defesa dos interesses dos municípios", tentando equilibrar a fidelidade partidária com as responsabilidades do cargo.
Descentralização mal negociada
Pimpão critica abertamente o processo de descentralização de competências, considerando que "deveria ter sido mais bem negociado" e que o fundo de financiamento "tem de ser reforçado".
Como "prenda" do Governo para os 50 anos do poder local democrático em 2026, o candidato reclama a revisão da Lei das Finanças Locais, uma reivindicação histórica dos municípios que enfrentam crescentes dificuldades financeiras.
Congresso sob o signo da austeridade
O XXVII Congresso da ANMP, que decorre no Centro Cultural de Viana do Castelo, abordará temas cruciais como autonomia, financiamento local e coesão territorial. Questões que ganham particular relevância num contexto de pressões orçamentais e políticas de contenção.
A presença confirmada do primeiro-ministro Luís Montenegro e do ministro da Economia e Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, sublinha a importância política do encontro.
O regresso do município do Porto à ANMP, após a cisão do mandato anterior, completa um quadro de reorganização que poderá definir as relações entre poder local e central nos próximos anos.