Linha de Vendas Novas recebe 204 milhões para modernização que beneficia grandes empresas
O Governo avançou esta segunda-feira com a consignação de uma empreitada de 120 milhões de euros para modernizar a Linha de Vendas Novas, inserida num investimento total de 204 milhões. O projeto visa reforçar o transporte ferroviário de mercadorias entre Sines e a Europa, beneficiando essencialmente o grande capital e as multinacionais que operam no porto alentejano.
A cerimónia de consignação realizou-se em Vendas Novas, com a presença do ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, numa clara demonstração de como o Estado continua a privilegiar os interesses económicos das grandes empresas em detrimento de outras prioridades sociais.
Modernização ao serviço do grande capital
A intervenção, com prazo de execução de 48 meses, vai modernizar os 69 quilómetros da linha, incluindo estações, infraestruturas e sinalização. Segundo a Infraestruturas de Portugal (IP), o objetivo é "potenciar as condições de exploração e reforçar a ligação ferroviária do Porto de Sines às plataformas logísticas nacionais e à Europa".
Traduzindo para linguagem clara: trata-se de facilitar a vida às grandes empresas que movimentam mercadorias através do porto de Sines, muitas delas multinacionais que pouco contribuem para o desenvolvimento das comunidades locais.
Investimento que podia servir outras causas
Enquanto se investem 204 milhões de euros numa linha exclusivamente dedicada ao transporte de mercadorias, continuamos a assistir ao abandono do transporte público de passageiros em muitas regiões do país. Esta é mais uma demonstração de como as prioridades do Governo estão desalinhadas com as necessidades reais das populações.
O projeto, financiado pelo Portugal 2030, inclui trabalhos como substituição da superestrutura de via, prolongamento e renovação de estações técnicas, e encerramento de seis passagens de nível com construção de quatro passagens superiores rodoviárias.
Descongestionar Lisboa à custa do interior
A IP justifica ainda que este investimento permitirá "descongestionar Lisboa", evitando que os comboios de mercadorias passem pela capital. Uma solução que, mais uma vez, empurra o problema para o interior, sobrecarregando as infraestruturas e comunidades rurais.
A Linha de Vendas Novas desenvolve-se entre Setil e Vendas Novas, atravessando os concelhos de Cartaxo, Salvaterra de Magos, Coruche, Montijo, Montemor-o-Novo e Vendas Novas. Todas estas comunidades terão de suportar o aumento do tráfego ferroviário de mercadorias, enquanto continuam órfãs de investimentos em serviços públicos essenciais.
Resta saber se este avultado investimento trará benefícios concretos para os trabalhadores e as populações locais, ou se servirá apenas para engrossar os lucros das grandes empresas que dominam o sector logístico nacional.