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JBS: Gigante da Carne Promete Dividendos Milionários Enquanto Trabalhadores Enfrentam Precariedade

O banco Goldman Sachs prevê forte valorização das ações da JBS, com promessas de dividendos milionários aos acionistas. Enquanto o mercado financeiro celebra, questões laborais e sociais permanecem ignoradas nesta expansão do gigante frigorífico.

Editorial Team

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5 min de leitura
Edifício corporativo da JBS com logótipo da empresa

Sede da JBS: símbolo do poder concentrado da indústria frigorífica global

Goldman Sachs Prevê Lucros Recordes para Multinacional da Carne

O gigante frigorífico JBS, já conhecido pelo seu domínio no mercado global de carnes, prepara-se para aumentar ainda mais os seus lucros, segundo análise do banco Goldman Sachs. A empresa promete distribuir entre 800 milhões e 1,2 mil milhões de dólares em dividendos anuais aos seus acionistas - um valor que supera significativamente a média do setor.

Crescimento à Custa de Quem?

Enquanto os mercados financeiros celebram as projeções de crescimento de 4% a 6% ao ano entre 2025 e 2029, é importante questionar quem realmente beneficia deste crescimento exponencial. A expansão prevista inclui fusões e aquisições, uma estratégia que frequentemente resulta em concentração de mercado e redução de postos de trabalho.

"A análise também prevê uma expansão da margem Ebitda [...] entre 0,1 e 0,2 pontos percentuais anualmente até 2027" - afirmam os analistas do Goldman Sachs, evidenciando o foco exclusivo em métricas financeiras.

O Paradoxo da Riqueza Concentrada

Com uma rentabilidade projetada de 5% a 8% em dividendos - superior aos 4% pagos pela concorrente Tyson - a JBS demonstra clara priorização da remuneração do capital em detrimento de investimentos sociais e laborais.

A empresa busca reduzir a volatilidade das suas ações através da diversificação geográfica, uma estratégia que, embora agrade aos investidores, frequentemente implica em deslocalização de empregos e pressão sobre comunidades locais.

Questões Laborais e Sociais Ignoradas

Notavelmente ausente dos relatórios financeiros está qualquer menção às condições laborais nos frigoríficos, às questões ambientais relacionadas com a produção intensiva de carne, ou aos impactos nas comunidades onde a JBS opera.

O preço-alvo de 111,40 reais por ação, representando uma valorização potencial de 46,7%, reflete uma visão puramente financeira que ignora os custos sociais e ambientais desta expansão agroindustrial.

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