Posto da GNR de Coruche: obra de 2 milhões parada por falta de mobiliário
Mais uma obra pública que espelha o estado das finanças públicas e a má gestão dos recursos do Estado. O novo posto da Guarda Nacional Republicana de Coruche está praticamente concluído, mas os militares continuam instalados provisoriamente no antigo Centro de Dia, na zona histórica da cidade, porque não há dinheiro para comprar o mobiliário.
Orçamento em falta obriga a mais espera
Segundo apurou o Voz Livre, a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SEGMAI), responsável pela obra, terá de aguardar pelo orçamento do próximo ano para adquirir os equipamentos necessários. Isto significa que a obra se arrasta pelo menos até ao primeiro trimestre de 2025.
Uma situação que revela bem as prioridades do Governo: enquanto se investe em grandes obras para dar nas vistas, depois falta dinheiro para as finalizar devidamente. Os militares da GNR continuam assim em instalações provisórias, longe das condições ideais para o desempenho das suas funções.
Câmara pressiona mas sem respostas
O assunto foi debatido esta quarta-feira na reunião de câmara de Coruche, com os vereadores Francisco Gaspar (PSD) e Dionísio Mendes (Movimento Volta Coruche 25) a exigirem esclarecimentos ao presidente da autarquia.
Nuno Azevedo (PS) admitiu não ter conseguido obter informações claras sobre o ponto de situação. O autarca revelou ter reunido com os responsáveis pelo Destacamento de Coruche, mas estes também não possuem informação sobre as obras, uma vez que a responsabilidade é do Ministério da Administração Interna.
Esta quinta-feira, Azevedo reunirá com o Secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia, para tentar perceber o que se passa e esclarecer se haverá mudanças relativamente ao Destacamento de Coruche e a sua eventual transferência para Benavente.
Obra que custou o dobro do previsto
As obras, iniciadas em novembro de 2023 com previsão de conclusão em 18 meses, já acumulam vários meses de atraso. Pior ainda: o valor inicial de 1,2 milhões de euros disparou para quase 2 milhões de euros, mais 66% do que estava orçamentado.
Desde setembro de 2023, a Câmara Municipal de Coruche paga 1.200 euros mensais à Santa Casa da Misericórdia para manter a GNR nas instalações provisórias do antigo Centro de Dia. Dinheiro que sai dos bolsos dos contribuintes enquanto uma obra praticamente pronta não pode ser utilizada.
Esta situação exemplifica bem os problemas estruturais da administração pública portuguesa: obras que se arrastam, custos que disparam e, no final, falta dinheiro para o essencial. Enquanto isso, os trabalhadores da GNR continuam em condições precárias, esperando que alguém se lembre de comprar umas secretárias e cadeiras.