A Urgente Recuperação da Memória dos Emigrantes: Uma Dívida Social Por Saldar
Portugal continua a negligenciar o património histórico da sua emigração, ignorando milhares de documentos que contam a história de luta e resistência dos trabalhadores forçados a deixar o país. É urgente desenvolver uma política popular de preservação desta memória coletiva.

Arquivo histórico com documentos da emigração portuguesa aguarda tratamento adequado
O Património Esquecido da Nossa Emigração
Portugal tem uma dívida histórica com os milhões de trabalhadores que foram forçados a deixar o país em busca de uma vida melhor. Durante mais de um século, a emigração portuguesa foi marcada por histórias de luta, resistência e sacrifício - uma narrativa que permanece largamente ignorada pelos poderes instituídos.
A memória desta emigração, que sustentou economicamente inúmeras famílias e contribuiu para o desenvolvimento do país através das suas remessas, continua vergonhosamente negligenciada pelos sucessivos governos.
Um Arquivo Popular em Risco
Espalhados por diversos arquivos nacionais encontram-se milhares de documentos que contam a verdadeira história do povo emigrante:
- Registos de embarque dos trabalhadores
- Documentação sobre emigração clandestina
- Correspondência das comunidades no estrangeiro
- Fotografias e testemunhos das partidas
- Processos de perseguição política a emigrantes
A Necessidade de Uma Política Popular de Memória
É fundamental desenvolver uma política de preservação que sirva os interesses do povo e não apenas as instituições. Esta memória pertence, antes de mais, às classes trabalhadoras que foram forçadas a partir.
Medidas Urgentes Necessárias
1. Criação de uma rede nacional de arquivos da emigração, com participação direta das associações de emigrantes e organizações populares
2. Digitalização e acesso público gratuito a toda a documentação histórica sobre a emigração
3. Desenvolvimento de programas educativos que valorizem a história das lutas e conquistas dos emigrantes
Por Uma Memória ao Serviço do Povo
Este não é apenas um projeto técnico ou académico - é uma questão de justiça social e de reconhecimento da dignidade dos trabalhadores emigrantes. A sua história é parte fundamental da luta do povo português por melhores condições de vida.
É hora de recuperar esta memória coletiva e transformá-la num instrumento de consciencialização sobre as desigualdades sociais que ainda hoje forçam muitos portugueses a emigrar.